segunda-feira, 2 de março de 2015

Nossa Mestra nos deixa um legado em que a AUTORIA é a protagonista.

"Recuperemos a alegria.
A terra onde nasce foi asfaltada. O cimento que a asfixia está composto de tédio, abulia, tristeza, aborrecimento, desesperança.

A tristeza não é a responsável por amordaçar a alegria. Tampouco a angústia. Pelo contrário, sentir angústia é a mostra de que, por debaixo do cimento, ainda resta terra fértil. Terra úmida, húmus humano, por onde pode brotar a autoria que irá rachar o cimento.

Pelo pavimento do tédio deslizam facilmente frustração, anorexia, bulimia, inibição cognitiva, síndrome do pânico e drogas (as ilegais e também as receitadas). As crianças, brincando na intempérie da frustração asfaltada dos adultos, talvez busquem com "inquietude", "hiperatividade" e "desatenção", algo de terra debaixo do alcatrão.


Ao pavimentar a alegria, a mania se oferece como sua máscara tétrica: a mania é a gargalhada vazia. Sinistro trejeito de sonhos dormidos, mesmo antes de serem sonhados.

Conhecer, escutar, perguntar, abrir os olhos, olhar, falar, podem fazer sofrer, mas não matam a alegria, já que a alegria é o reconhecer-nos com a possibilidade de mudar.

Esconder, fechar os olhos, tapar os ouvidos, calar, medicar, translada, desloca a dor, adoece.
O contrário da alegria não é a tristeza, mas o aborrecimento, a omissão, o desaparecimento." (Fernández, 2001)


Adeus a nossa querida Alicia...