quinta-feira, 28 de julho de 2011

Auto estima na dose certa!

Por Carla Oliveira 

Equilíbrio. Essa é a palavra-chave na hora de estimular a auto-estima do seu filho. Se o estimulo for pouco, você corre o risco de ser negligente. Mas, se exagerar, poderá igualmente prejudicar seu filho. O que fazer?


A auto-estima representa, em poucas palavras, o que uma pessoa sente em relação a si mesma. Engana-se quem pensa que para ter uma boa auto-estima é preciso ser bonito, inteligente, ou ter dinheiro. Está no caminho certo quem aprendeu a acreditar em si próprio, a entender suas limitações, a valorizar suas habilidades, a confiar em seus valores e principalmente, a se sentir feliz sem ter de corresponder às expectativas de todos que o cercam.

Como conseqüência, uma pessoa com boa auto-estima é mais feliz e tem mais chances de ser bem-sucedida em sua vida pessoal e profissional. E, mesmo que tenha que enfrentar dificuldades, essa pessoa não sofrerá tanto, pois manterá uma atitude positiva. Como se vê, esse conceito é de extrema importância, pois nele reside uma chave que abre inúmeras portas na busca da felicidade.

Por outro lado, uma pessoa com baixa auto-estima se sentirá desvalorizada, terá menos iniciativa e mais dificuldades ao encarar desafios, por não acreditar que possa fazer algo bom ou útil. Além disso, ela estará mais propensa a apresentar uma série de problemas, tais como alcoolismo, bulimia, obesidade ou depressão - é claro que isso também dependerá de outros fatores como herança genética, mas não se pode menosprezar a influência da auto-estima.

E as crianças?

Desde que toma conhecimento sobre sua existência, a criança começa a estabelecer uma imagem de si própria, ou seja, a construir sua auto-estima. Nesse processo, a atuação dos pais é fundamental. Para a psicóloga Tânia Aldrighi, os pais precisam, antes de tudo, ter consciência do que significa ter filhos e saber lidar com a chegada deles. Os casais costumam idealizar demais esse momento e só mais tarde percebem que a responsabilidade que têm é muito maior do que imaginavam.

Em seguida, os pais devem aprimorar sua habilidade de perceber as necessidades de cada um dos filhos, de saber relacionar-se com cada um e distribuir afeto entre eles. "Pais que desenvolvem tais habilidades estarão mais aptos para acompanhar, incentivar e participar do desenvolvimento das competências de seus filhos. A participação permite que o incentivo esteja mais perto do real e, ao mesmo tempo, dá oportunidade para a aprendizagem com base na experiência", afirma Tânia.

No final da década de 60, o psicólogo norte-americano Stanley Coopersmith buscou desvendar que fatores têm influência fundamental na construção da auto-estima das crianças. Ele acompanhou o crescimento de mais de 1.700 crianças e publicou os resultados dessa pesquisa no livro The Antecedents of Self-Esteem, que logo se tornou uma referência no assunto. Coopersmith verificou que as crianças que desenvolveram boa auto-estima viviam em lares onde:

  • Os pensamentos, valores e sentimentos das crianças eram compreendidos e aceitos.

  • As regras e os limites eram bem definidos, mas não opressivos. Como resultado, elas sentiam-se seguras.

  • Os pais não usavam a violência ou a humilhação como meio para serem obedecidos. Apesar de imporem regras claras, eles estavam sempre dispostos a discuti-las e negociá-las.

  • Os pais mantinham altas expectativas em relação ao comportamento e à performance de seus filhos, desafiando-os sempre a darem o melhor de si.

  • Os próprios pais tinham uma boa auto-estima, servindo de modelo para seus filhos.

    Auto-estima adquirida

    Se não se sentir amada, dificilmente a criança gostará de si mesma. Você, com certeza, ama seu filho. Mas você sabe demonstrar esse sentimento? Não adianta nada ficar rasgando elogios e tomando todos os cuidados possíveis para que ele não passe por nenhum tipo de sofrimento ou frustração. A auto-estima não pode ser "dada" pelos pais como um presente. Ela tem de ser construída aos poucos, como resultado de atitudes merecedoras de reconhecimento. Esse caminho é mais difícil, mas é o único eficaz! Veja o que você pode fazer no dia-a-dia:

  • Demonstre constantemente seu afeto por meio de beijos, abraços, palavras carinhosas e bilhetinhos. Encontre maneiras diferentes de dizer ao seu filho que você o ama.

  • Passe bastante tempo com seu filho. Só com ele. Leve-o para passear e dedique momentos especiais só para vocês.

  • Mostre a ele que você o ama não pelas coisas que ele faz, mas pela pessoa que ele é.

  • Estabeleça limites e regras claras, mas sem ser autoritário. Exponha seus argumentos e discuta as regras com seu filho.

  • Quando seu filho estiver conversando com você, evite ficar julgando as atitudes dele, pois ele não se sentirá à vontade para ir falar com você das próximas vezes.

  • Escute seu filho com atenção, mostre interesse pela vida dele, participe! Não há nada pior para ele do que pensar que ninguém se importa com sua vida. Quando ele estiver contando uma história, não tente apressar o final nem o interrompa para reclamar do trânsito, por exemplo.

  • Permita que seu filho expresse sua individualidade, sem que se sinta alvo de gozações ou críticas. Nunca o exponha ao ridículo.

  • Estimule seu filho a vencer os desafios e obstáculos que surgirem. Mostre que você acredita nele e cobre para que ele se esforce bastante. Se o resultado não for o que vocês esperavam, não faça de conta que isso não tem importância, mas ensine-o a lidar com o fracasso como uma forma de aprendizado.

  • Não dirija suas críticas ao seu filho, mas sim ao comportamento dele. Ao invés de dizer "você é um preguiçoso, vá arrumar seu quarto", diga "você não tem arrumado seu quarto, quero que vá fazer isso agora". E nada de dar broncas em público!

    Nem tudo é perfeito

    O maior desafio para os pais, entretanto, é saber como estimular a auto-estima de seus filhos na dose certa. Atualmente, os pais se obrigam a desempenhar seu papel com máxima competência, pois sabem que serão cobrados no futuro. O problema é que, na tentativa de fazer o melhor, eles acabam tomando atitudes contraditórias ou caindo no exagero.

    Existem pais que, ao mesmo tempo em que dão tudo para seus filhos, exigem demais deles, deixando-os desorientados. Assim como existem pais que querem proteger seus filhos e acabam impedindo sua autonomia. Com a auto-estima, não é diferente. Na intenção de alimentar a auto-estima dos pequenos, muitos pais exageram e acabam tecendo elogios desmedidos, enaltecendo a criança de forma indiscriminada, de modo que ela não consiga sequer distinguir suas conquistas de suas derrotas.

    "Nesses casos, o desastre é o mesmo. Isso pode acabar gerando uma criança que se arrisca sem medir as conseqüências, que não tolera a frustração e que se afasta de amigos, pois se ela sempre é avaliada como perfeita os outros sempre estarão na categoria de imperfeito", explica Tânia. E, além de tudo, essa criança poderá sentir-se extremamente insegura, ao perceber que nem tudo será sempre do jeito que ela quer e que ninguém a ensinou a lidar com isso. É preciso saber criticar, enxergar os erros, admitir as limitações. Saber conviver com o "imperfeito" é fundamental. Pense nisso!

    Fonte: http://www.clicfilhos.com.br/ler/257-Auto_estima_na_dose_certa!?page=3

  • quarta-feira, 27 de julho de 2011

    5 dicas para o seu filho voltar às aulas com gás total

    Saiba como evitar que as férias de julho interrompam o ritmo de estudos do seu filho
    Texto Marina Azaredo

    Embora sejam mais curtas do que as férias de verão, as férias de julho também interrompem o ritmo de estudos das crianças. Por isso, na volta às aulas, é natural que elas estejam ansiosas e cheias de dúvidas. Os amigos continuarão os mesmos? Conseguirei recuperar as notas? Quais serão as novidades desse semestre? Tudo isso está na cabeça da molecada quando chega a hora de voltar para a escola.

    Nesse momento importante do calendário escolar, o papel dos pais é tranquilizar os filhos e motivá-los, para que esse segundo semestre se torne produtivo e que a criança tenha um desempenho cada vez melhor na escola. "Os pais devem evitar que a criança abandone totalmente a escola, propondo atividades como leitura durante as férias", afirma Aline Fávaro Dias, psicóloga e orientadora educacional do Colégio Dom Bosco de Americana (SP).


    Confira abaixo cinco dicas para o seu filho voltar às aulas com gás total:

    1.Organizar o material escolar
    Toda criança gosta de organizar o material escolar para a volta às aulas, principalmente se ele for todo renovado. Mas atenção: renovar não significa comprar material novo. Encape os cadernos, decore os livros, aponte os lápis, reorganize o estojo. Essas pequenas mudanças já deixam a criança motivada e ansiosa para usar o material.

    2. Arrumar o local de estudos
    Para ter vontade de estudar, a criança precisa de um local aconchegante. Se ela já tem uma escrivaninha ou uma mesa onde costuma estudar, proponha uma nova organização. Junto com seu filho, esvazie gavetas e arrume tudo novamente. Se o seu filho não tem um cantinho para estudar, é hora de providenciar um. Pode até ser a mesa da sala ou da cozinha, mas o seu filho tem de sentir que aquele espaço é só dele na hora de fazer a lição de casa.

    3. Retomar o que a criança mais gosta na escola
    É hora de lembrar o seu filho de tudo o que a escola tem de bom. Fale dos amigos, dos professores preferidos, ajude-o a relembrar os passeios e atividades do primeiro semestre de que ele mais gostou. Nos primeiros dias, se possível, chame um ou mais coleguinhas para brincar com seu filho. É uma maneira de estreitar novamente as amizades e de fazer com que seu filho tenha ainda mais vontade de ir para a escola.
    4. Voltar à rotina gradualmente
    Nada de mudanças bruscas. Se o seu filho viu muita televisão nas férias e você quer que ele diminua a quantidade durante o período de aulas, tem de fazer isso aos poucos, pois as crianças sofrem mais com mudanças radicais. Vá diminuindo o tempo diário de TV gradualmente. O mesmo vale para as horas de sono, o horário de acordar, o tempo para brincar... Faça tudo aos poucos, de modo que seu filho não sinta que simplesmente parou de se divertir porque as aulas recomeçaram.
    5. Ajudar na adaptação
    Se o seu filho está trocando de escola nesse segundo semestre, vocês terão um importante período de adaptação. Se necessário, acompanhe-os nos primeiros dias de escola e converse com os professores. Em casos de troca de escola, o diálogo também é muito importante. Explique por que aconteceu a troca e fale de tudo o que tem de bom na escola nova. Ele vai ficar curioso para ver todas essas novidades.
    Fonte:http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/5-dicas-seu-filho-voltar-aulas-gas-total-634931.shtml

     


    terça-feira, 26 de julho de 2011

    TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: informações e orientações

    Por:  Simaia Sampaio

    O estudo do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (denominação dada na 4ª edição no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana-APA não é recente. Estudos científicos sobre o assunto vêm sendo realizados desde o começo do século XX.

    Um dos primeiros autores a escrever sobre o assunto foi Dupré, no período da Primeira Guerra Mundial, que acreditava tratar-se de uma lesão cerebral mínima. Mais tarde, em 1962, num simpósio de Oxford, foi oficializado a expressão Disfunção Cerebral Mínima. Em 1966, um grupo de estudos concluiu que esta disfunção pode originar-se de variações genéticas, irregularidades bioquímicas, sofrimento perinatal, moléstias ou traumas sofridos durante os anos críticos para a maturação do sistema nervoso central.

    Esta expressão foi utilizada no meio científico até 1980, quando a Associação Psiquiátrica Americana propôs uma nova denominação: Síndrome do Déficit de Atenção. Esta denominação passou a englobar tanto a hiperatividade como as demais funções que originam da falta de maturação do sistema nervoso central tais como: incoordenação motora, falta de equilíbrio, distúrbios de fala, alteração de sensibilidade, distúrbios de comportamento e dificuldades escolares.

    George Frederic Still, em 1902, fez alguns estudos com grupos de crianças que apresentavam características agitadas, desafiadoras, agressivas, passionais, com a finalidade de obter delas um comportamento mais aceitável. Descobriu que, por não existirem maus tratos pelos pais, os problemas deveriam ser de origem biológica, pois alguns membros da família possuíam problemas psiquiátricos como depressão, problemas de conduta, alcoolismo, dentre outros (HALLOWELL, 1994, p. 271).

    CAUSAS

    Hoje é sabido que a ocorrência de ADD (do inglês: Attention Déficit Disorder) está muitas vezes relacionada a problemas durante a gravidez e parto.

    “As chances de uma criança sofrer de hiperatividade e Déficit de Atenção aumenta se a mãe fumar na gravidez. Médicos da Universidade de Harvard notaram que 22% dos pacientes estudados eram filhos de fumantes” (VEJA, 1996, p. 18)

    Complicações perinatais, ingestão de álcool e utilização de drogas durante a gravidez, infecção do Sistema Nervoso Central na primeira infância, efeitos colaterais de certas medicações, predispõem a Déficits de Atenção. Causas ambientais, tais como, desvantagem social, famílias numerosas e superlotação também já foram apontadas.

    Muitos autores ligam o TDAH ao consumo de alguns alimentos durante a gestação e também o contato de gestantes com alguns produtos químicos como ceras, desinfetantes, detergentes, removedores que poderiam causar danos ao feto, porém nada foi comprovado. Hipóteses místicas também já foram apontadas não possuindo, porém, nenhum fundamento científico.

    Sua origem é genética e seus portadores apresentam uma taxa menor de dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e atenção, tendo como conseqüência a falta de concentração, característica primordial do hiperativo, e o esquecimento daquilo que lhe é pedido.


    A incidência é maior em meninos, chegando a 80% dos casos, do que em meninas, e por esse motivo pode estar relacionado ao hormônio masculino, a testosterona. Em alguns casos, meninas com TDAH apresentam gestos masculinos e fala grossa como conseqüência de um aumento nessa taxa de hormônio.

    Chega a atingir de 3 a 5% da população escolar infantil, provocando baixo rendimento escolar, baixa auto-estima e dificultando os relacionamentos entre os colegas (SMITH e STRICK, 2001).

    Pestinhas, diabinhos, distraídos, desobedientes, agitados. Estes são alguns dos adjetivos usados para definir o indivíduo que sofre de ADD, um problema que atinge, em todo o mundo, cerca de 5% das crianças e adolescentes. Um dos distúrbios de atenção, muitas vezes confundido com indisciplina, é o chamado hiperatividade.


    HIPERATIVIDADE


    Para caracterizar um hiperativo é importante se levar em conta o tempo que a criança começou a apresentar os sintomas. Segundo o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) os sintomas deverão ser ininterruptos e com duração mínima de seis meses sem limitar-se a apenas uma situação.

    A criança não precisa, necessariamente, apresentar todas as características descritas, mas parte delas. Porém é importante que seja observado com muito cuidado porque existem crianças que apresentam algumas destas características, mas não são hiperativas, são crianças agitadas devido a alguma situação pela qual esteja passando ou mesmo como se chama “mal educadas”.


    CARACTERÍSTICAS:


    Uma criança ou um adulto hiperativo pode estar em qualquer lugar; batendo os pés, sentando e levantando a todo o momento, cantando sem parar, assobiando em horas impróprias, distraindo-se com facilidade, impacientes em filas, não se mantêm sentado durante as refeições, não se concentra em um canal de televisão mudando sempre, faz movimentos desnecessários com o corpo, possui gestos bruscos, tem sono agitado, perde-se no tempo.

    Quando bebês, normalmente possuem sono intranqüilo, mexendo-se muito, ao começar a andar tropeçam e se esbarram mais do que o normal. Podem apresentar um retardo na fala e troca de letras por um período maior.

    Na realidade não podemos dizer que esta criança não presta atenção a alguma coisa, mas sim a várias coisas ao mesmo tempo e por isso distrai-se facilmente.

    O hiperativo apresenta certa incoordenação motora. Possui dificuldade para andar de bicicletas, patins, pular cordas, subir em árvores, abotoar roupas, amarrar sapatos, fazer recortes com tesoura, arremessar bola etc.

    Conforme Golfeto, a criança hiperativa apresenta dificuldade em distinguir direita de esquerda, alterações de memória visual e auditiva, em orientar-se no espaço, fazer discriminações auditivas, em elaborar sínteses auditivas, além de possuir má estruturação do esquema corporal (1992, p. 12).

    Em geral, é desorganizada, distraída, esquecida, bagunceira, não gosta de limites, possui dificuldades em completar tarefas, e nos relacionamentos com colegas. Estas características ficam mais evidentes e perceptivas no período escolar cujo nível de concentração deve aumentar para que ocorra a aprendizagem.

    Na escola é a criança problema, respondendo aos professores com agressão, não respeitando limites, xingando e batendo nos colegas, não se concentrando e atrapalhando as aulas, o que prejudica seu rendimento escolar.

    Geralmente é apontada como desorganizada pelos professores. Quando começa uma atividade quase sempre não a faz ou deixa pela metade, interessando-se por outra e depois por outra e assim nunca conclui o que começou, prejudicando sua aprendizagem. Por não conseguir terminar suas tarefas, não parar quieto na sala, mexer com todo mundo atrapalhando a aula, é bombardeada por palavras desagradáveis seja por partes dos professores ou colegas. Esta atitude tende a baixar sua auto-estima.

    Em casa deixa os pais desorientados. Bagunça o quarto, sobe em armários, não senta à mesa para refeições, não obedece. Os pais devem estar atentos para quando perceber um comportamento excessivamente agitado e unindo às queixas escolares, procurar um especialista. É importante que as queixas não sejam somente em casa, mas que se apresentem em outros lugares também, assim descarta-se a hipótese de querer aborrecer os pais por algum motivo que lhe esteja incomodando como o nascimento de um irmão, os pais trabalharem fora muito tempo e não lhes dar atenção etc.


    BAIXA AUTO-ESTIMA E COMPORTAMENTO DE RISCO




    O hiperativo normalmente é rejeitado pela sociedade. Seu comportamento inadequado prejudica a concentração dos colegas que passa a excluí-lo. Esta exclusão pode levar o indivíduo a desenvolver problemas psicológicos podendo tornar-se introvertido ou agressivo, exibicionista e com baixa auto-estima acentuadas.

    Estas pessoas têm tendência a comportamentos de alto risco tais como vícios, jogatina, temperamento explosivo e acidentes. Como já foi citado, anteriormente, elas não possuem exata noção de limites e unindo à sua baixa auto-estima tentam fugir de seus problemas através destes vícios.

    Crianças hiperativas adoram correr riscos, pois não possuem a exata noção de perigo e limites. Podem se machucar com muita facilidade, sendo desajeitadas, esbarrando-se em copos, mesas, pessoas, levando os pais a prejuízos por danos causados a terceiros ou a elas mesmas, como atravessar uma rua sem olhar para os lados devido a sua impulsividade e falta de atenção.

    O ADULTO COM TDAH




    O adulto hiperativo apresenta problemas no trabalho e no relacionamento, bem como problemas emocionais.

    Eis algumas características observadas:

    - É desorganizado;

    - Perde coisas;

    - Chega quase sempre atrasado;

    - Diz o que vêm à mente sem preocupação se o lugar é apropriado;

    - Explode com facilidade;

    - Sente-se inseguro;

    - É inquieto estando sempre mexendo pernas, dedos, joelhos;

    - É impaciente, em filas de banco está sempre reclamando ou acaba desistindo;

    - Não fica sentado muito tempo saindo de onde estiver com freqüência;

    - Baixa auto-estima;

    - Tem muitos projetos ao mesmo tempo e acaba não terminando nenhum;

    - Atrapalha-se com horários por causa da desorganização;

    - Sente-se inferior aos outros;

    - Possui dificuldade de concentração;

    - Esquece-se o que estava falando;

    - Sente-se inferior aos outros;

    - Tem sempre a sensação que não vai conseguir alcançar seus objetivos.

    Em decorrência destes fatores, o adulto hiperativo possui dificuldades em se manter no emprego, ou o abandona por tédio.

    A família poderá ajudá-lo não fazendo críticas, libertando-o da culpa que provavelmente sentirá ao não conseguir manter-se no emprego, concluir tarefas ou alcançar seus objetivos.

    Incentivá-lo a buscar ajuda com um especialista.

    De acordo com a Associação Brasielira do Déficit de Atenção alguns adultos tiveram TDAH na infância e ainda tem alguns sintomas na vida adulta, porém em menor quantidade e sem existir muitos problemas causados pelos sintomas e quando ocorrem eles aparecem apenas em uma única situação, como o trabalho, por exemplo, mas não em nenhuma outra.

    DIAGNÓSTICO

    Um diagnóstico e tratamento corretos poderão ajudar a criança a diminuir as repetências, elevar sua concentração por um período maior de tempo, evitar depressão, superar problemas de relacionamento, ajudá-lo na orientação vocacional, evitar envolvimento com drogas.

    Até pouco tempo acreditava-se que os sintomas de TDAH desapareciam na adolescência e na vida adulta. Muitos ainda acreditam que só ocorre no período da infância. Entretanto, recentes pesquisas mostraram que 50% a 75% dos casos continuam na idade adulta. Há casos que a hiperatividade tende a diminuir ou desaparecer devido a um amadurecimento do cérebro que acaba equilibrando a produção de dopamina.

    Muitos pais demoram muito de procurar ajuda ou não aceitam um diagnóstico de hiperativo, por achar que é coisa da idade, que toda criança é agitada mesmo, que isso irá passar. Porém quando o problema demora a ser diagnosticado, o hiperativo, a partir da sua puberdade, pode procurar as drogas, o álcool, praticar agressões sexuais, a fim de tentar superar suas dificuldades em adaptar-se à vida social, e em alguns casos podem cometer até o suicídio.

    O diagnóstico de um especialista é importante porque nem sempre aquela criança agitada é hiperativa.

    A hiperatividade poderá ser confundida com outras patologias ou mesmo vir junto com estas, tais como: autismo, deficiência auditiva, dislexia, deficiência mental, que pode tornar o diagnóstico difícil, tendo, portanto que ser realizado por um profissional especializado.

    Muitos pais ou adultos hiperativos buscam várias especialidades para fazer um diagnóstico, e muitas vezes não conseguem chegar a um consenso.

    Para fazer o diagnóstico, é indicado um psiquiatra, que deverá fazer uma anamnese com pais e pessoas de seu convívio como professores, empregadas e terapeutas se estiver sendo acompanhado por alguém.

    De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção Eletroencefalograma, o Mapeamento Cerebral, a Tomografia Computadorizada, a Ressonância Magnética e o Potencial Evocado não podem fornecer este diagnóstico!

    Apresentamos abaixo um guia extraído do site da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (http://www.tdah.org.br/diag01.php), extraído do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana. É utilizado por profissionais especializados em TDAH para o diagnóstico clínico.

    Lembre-se: você poderá até utilizá-lo com alguém que conhece para uma suspeita de um quadro de hiperatividade, porém não substitui de forma alguma o diagnóstico de um profissional.

    Nem um pouco
    Só um pouco
    Bastante
    Demais
    1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.




    2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer




    3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele




    4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.




    5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades




    6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.




    7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).




    8. Distrai-se com estímulos externos




    9. É esquecido em atividades do dia-a-dia




    10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira




    11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado




    12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado




    13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma




    14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.




    15. Fala em excesso.




    16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas




    17. Tem dificuldade de esperar sua vez




    18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).










    Como avaliar:

    1) s
    e existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.

    2) 
    se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.





    O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

    IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios. 

    CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)

    CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade.

    CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).

    CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas.

    CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

    Como suspeitar do diagnóstico:
    1) É necessário haver pelo menos 6 sintomas assinalados na coluna laranja ou vermelha, no CRITÉRIO A.
    • Pelo menos 6 sintomas VERDES e menos que 6 sintomas ROSA: TDAH Tipo Predominantemente Desatento
    • Pelo menos 6 sintomas ROSA e menos que 6 sintomas VERDES: TDAH Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
    • 6 ou mais sintomas VERDES e 6 ou mais sintomas ROSA: TDAH Tipo Combinado.
    2) Os CRITÉRIOS B, C, D devem obrigatoriamente ter resposta SIM.
    3) O CRITÉRIO E necessita da avaliação de um especialista, uma vez que os sintomas do Critério A ocorrem em muitos outros transtornos da infância e adolescência.
    Se os critérios A, B, C, D e E estiverem atendidos de acordo com o julgamento de um especialista, o diagnóstico de TDAH é garantido. 

    TRATAMENTO

    Segundo a ABDA, a psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental. Informa ainda que o tratamento com fonoaudiólogos é recomendado onde existe simultaneamente Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia).

    O TDAH não é um problema de dificuldade de aprendizagem, porém o comportamento da criança atrapalha muito seu rendimento. O psicopedagogo poderá ajudá-lo a obter maior concentração através de jogos e outras técnicas.

    Para um tratamento adequado é importante um trabalho multidisciplinar envolvendo pais, professores e terapeutas. Deverá ser traçadas estratégias de como lidar com esta criança em casa, na escola e na clínica para que não haja distorções na maneira de lidar com ela. Criar regras, modificar o ambiente tornando-o mais adequado e menos perigoso, flexibilização no currículo escolar, adequar o tempo dividindo as atividades em partes, por exemplo, são algumas das modificações a serem providenciadas.

    Em casos mais graves a psicoterapia sozinha não resolve, sendo indicado o uso de medicamento, porém é totalmente reprovado o uso da automedicação. O medicamento deverá ser indicado pelo médico, mais provavelmente o psiquiatra. Muitos possuem efeitos colaterais, por isso é importante o acompanhamento médico para que ele mude se necessário verificando o mais adequado e o que melhor o paciente se adapta.

    TERAPIAS ALTERNATIVAS
    Outras terapias alternativas como massagem, Yoga, meditação, Tai-chi-chuan, Liangong, Florais de Bach podem ser utilizadas com crianças maiores. Segundo relatos de professores, crianças submetidas a algumas destas terapias têm-se mostrado, em sala de aula, mais calmas e mais envolvidas nas tarefas.

    Uma terapia psicomotricista também é importante para auxiliá-lo no desenvolvimento da coordenação viso-motora, obter maior noção espaço-temporal, a ter maior equilíbrio.

    Devemos observar, porém, que estas terapias alternativas não poderão substituir a psicoterapia e o uso de medicamentos se for o caso.

    COMO A ESCOLA PODERÁ AJUDAR




    E o que a escola pode fazer ao se deparar com alunos hiperativos já diagnosticados? Em primeiro lugar, traçar estratégias para que este aluno não se sinta entediado e não atrapalhe tanto as aulas.

    Algumas dicas como estas poderão ajudá-lo:

    - Substituir aulas monótonas ou cansativas por aulas mais estimulantes que prendam sua atenção (o professor deverá ter muito preparo e ser bastante flexível com seu planejamento, mas ter cuidado para que o hiperativo não se empolgue demais);

    - Estes alunos adoram novidades, lance mão destes recursos não habituais para prender sua atenção. Peça ajuda ao professor de artes para trabalhar de forma interdisciplinar. Estas crianças são muito criativas e se identificam muito com tarefas como criar, construir, explorar. Os adultos hiperativos poderão ter mais sucesso em carreiras ligadas a designers, publicidade, artes plásticas.

    - Organize as carteiras em círculo, em forma de U, ao invés de fileiras a fim de visualizar melhor toda a classe e seu movimento;

    - Coloque esta criança próxima a outras mais concentradas e calmas, assim ele não encontrará seguidores para sua agitação;

    - Traga esta criança para perto de você, assim poderá ver se ela está conseguindo acompanhar seu ritmo, ou se você precisa desacelerar um pouco. Isto o ajudará também a dispersar-se menos.

    - Coloque sempre no quadro as atividades do dia para que este aluno perceba que há regras pré-definidas e previamente organizadas e que todos devem cumpri-las sem exceção de ninguém.

    - As tarefas não poderão ser longas. Deverão ter conclusão rápida para que ele consiga concluir a tarefa e não pare pela metade, o que é muito comum. As tarefas maiores deverão ser divididas em partes para que ele perceba que elas podem ser terminadas.

    - Evite cores muito fortes na sala e na farda como amarelo e vermelho. Cores fortes tendem a deixá-los ainda mais agitados, excitados e menos atentos. Procure colocar tons mais neutros e suaves. Compare com o quarto de um bebê; agora pense: porque ninguém usa cores fortes nele? Estímulo demais não é bom para ninguém.

    - Permita que o aluno saia algumas vezes da sala para levar bilhetes, pegar giz em outra sala, ir ao banheiro. Estes alunos não gostam de ficar parados por muito tempo e desta forma estará evitando que ele fuja da sala por conta própria.

    - Peça que o aluno faça três riscos no quadro. Isto será o número de vezes que ele poderá sair. Cada vez que ele sair deverá apagar um risco no quadro. Isto funciona como um limite e tende a dar certo porque a criança se controla mais antes de pensar em sair da sala.

    - Elogie seu bom comportamento, incentive os colegas a elogiar suas produções, desta forma a turma estará ajudando este aluno a elevar sua auto-estima.

    - Uma agenda de comunicação entre pais e escola é muito importante. Isto evita que as conversas se dêem apenas em reuniões.

    - As aulas de educação física são um ótimo auxílio para estas crianças que parecem ter energia triplicada. A ginástica ajuda a liberar mais esta energia que parece ser inesgotável, ajuda na concentração através de exercícios específicos, ajuda a estimular hormônios e neurônios, a distinguir direita de esquerda já que possuem problemas de lateralidade que prejudicam muito sua aprendizagem.

    Talvez o maior problema que haja em relação ao TDAH está no fato de que ainda haja pouco conhecimento sobre este assunto no âmbito escolar e entre os pais. Muitos indivíduos que sofrem deste problema podem passar a vida toda sendo acusados injustamente de mal-educados, preguiçosos, desastrados, desequilibrados, justamente porque não foi diagnosticado e tratado a tempo.

    Portanto, se depois que leu este artigo reconheceu alguém próximo, informe aos pais e oriente-os a procurar ajuda. Peça que deixe de lado os preconceitos e pense somente no bem estar de seus filhos.


    BIBLIOGRAFIA


    ABDA – Associação Brasileira do Déficit de Atenção – Como diagnosticar crianças e adolescentes - http://www.tdah.org.br/diag01.php

    ARAÚJO, Mônica; SILVA, Sheila Aparecida Pereira dos Santos - Comportamentos indicativos do transtorno de déficit de atenção e
    hiperatividade em crianças: alerta para pais e professores - http://www.efdeportes.com/efd62/atencao.htm

    GOLFETO, J. H.. A criança com déficit de atenção aspectos clínicos, terapêuticos e evolutivos. Campinas, 1993. Documentação não publicada elaborado na Unicamp (Universidade de Campinas).

    GONÇALVES, Priscilla Siomara – O trabalho em ambiente escolar com alunos portadores do distúrbio de déficit de atenção com hiperatividade- http://geocities.com/hotsprings/oasis/2826/ddah1.html Indisciplinado ou hiperativo. In: NOVA escola. São Paulo. Fundação Victor Civita. 2000; n.º 132; pp 30-32.

    Avós do século 21 trabalham, namoram e usam a internet

    No dia dedicado a elas, conheça mais sobre a nova geração de vovós
    Lívia Meimes  |  livia.meimes@zerohora.com.br


    O Lobo Mau está em crise. A avó da Chapeuzinho Vermelho foi à academia e, depois, vai dar uma passadinha no shopping. Parafraseando o psiquiatra Celso Gutfreind, não se fazem mais vovozinhas como a do clássico de Charles Perrault.

    Isso não significa que as vovós – cujo dia é nesta terça-feira – do século 21 não mimam seus netos, pelo contrário. A geração que dispensa tricô e faz dieta é coruja, sim, mas na mesma proporção que trabalha, namora, sai para dançar e interage no Facebook. É o caso da empresária Janice Blochtein, 55 anos. Durante nove meses, ela curtiu cada detalhe da gestação da filha.

    – É como se visse a história ganhando continuidade. A gente se renova, a vida se renova, mas é preciso prestar atenção nos limites. Avós podem ser amigos dos netos, ajudar a educar, mas desde que isso seja bom para todos os lados – resume Janice.

    Ela recebe a neta Rafaela, um ano, a "paixão de sua vida", no mínimo duas vezes por semana na sua casa, onde possui seu próprio kit de cuidados com bebê, de brinquedos a fraldas, passando por roupinhas, tudo para garantir o máximo conforto.

    A psicóloga Ineida Aliatti explica que os avós têm um papel muito importante na vida dos pais e dos netos, principalmente no nascimento, momento em que ela está passando por um processo de regressão psíquica necessária para que possa entender e se dedicar ao bebê que chegou.

    – Como está vulnerável e sensível, seus pais entram em cena para ampará-la – diz.

    Para a psicóloga e professora de pós-graduação em Saúde Coletiva da Unisinos Luciana Suárez Grzybowski, a nova geração de avós é caracterizada pela pluralidade nas relações.

    – É possível uma mulher de 35 anos ser avó, bem como uma de 70 anos. Ao contrário de anos atrás, em que os avós estavam sempre em casa, esperando os netos com um prato de doce, hoje é possível que eles não estejam tão disponíveis assim, seja porque não podem ou simplesmente não querem mesmo assumir esse compromisso – compara a psicóloga.

    Luciana ressalta que uma relação saudável entre avós e netos se dá quando ocorre troca de experiências, de afeto e de cultura. Segundo a especialista, amor demais não é ruim, desde que não se ultrapasse a tênue linha que separa a autoridade que pertence ao pai e a que pertence ao avô:

    – Os avós não podem desautorizar os pais. Se você não deixa seu filho tomar refrigerante, eles devem respeitar isso.

    quarta-feira, 20 de julho de 2011

    Quando não der certo... tente outra vez!

    Excelente exemplo de determinação e persistência!
    Que saibamos fazer o mesmo!
    A frustação faz parte e nos torna mais maduros e fortes...


    segunda-feira, 18 de julho de 2011

    domingo, 17 de julho de 2011

    Método de Estudos

    Primeiramente, tem de ser uma pessoa por si própria a decidir aprender para que qualquer esforço seja recompensado por um resultado final.
    Muitas vezes, aprender não se resume tudo apenas à memorização. Certas matérias realmente requerem uma grande dose de memorização de termos, relações e reacções. Mas outras, de natureza bastante diversa exigem a compreensão, como é o caso da matemática, dado que é impossível decorar a resolução de um exercício, antes é necessário compreender como se atinge a solução para que se consiga reproduzir o mesmo tipo de processo mas adequado a uma situação diferente. O mesmo acontece com muitos outros ramos e áreas.
    Por isso, é necessária uma combinação entre a memorização e compreensão para permitir o sucesso da aprendizagem.

    1 - Tipos de Memória
    Há três tipos principais de memória: a Automática, a Afectiva e a Cognitiva.

    Memória automática
    Esta é a memória que se relaciona com os hábitos que possuímos e com a utilização que damos a certas informações que necessitamos todos os dias. A esta memória apela algo tão básico como conduzir, mas também certas coisas como números de telefone. Quando se utiliza um determinado número todos os dias, é natural que ao fim de algum tempo ele fique na memória e já não seja necessário consultar a agenda telefónica. Daqui se retira a ideia de que a  prática e a repetição são fundamentais para a memorização de tal maneira que a este nível a informação que pretendemos aparece-nos sem que tenhamos que fazer qualquer esforço para a lembrar.

    Memória afectiva
    Esta é a memória relacionada com as nossas experiências e recordações. Certo número de informações são obtidas ao longo da nossa vida através de um contacto mais próximo com certas realidades ou mesmo em simples conversas que, pela importância de que se revestiram no momento ficarão connosco durante muito tempo. Desta forma, para que a memorização seja mais simples pode-se associar a determinadas informações dados pessoais que nos permitam uma recordação mais fácil. Deste princípio retiram-se algumas técnicas de memorização importantes.

    Memória cognitiva
    O estabelecimento de redes lógicas no nosso pensamento favorece a reminiscência e a memória dessas relações causais. Voltamos um pouco ao princípio da compreensão, pois se algo está claro na nossa mente, é de certa forma mais fácil lembrarmo-nos disso. Daí que quando falamos muitas vezes em memorização, também está subjacente uma compreensão, pois é a melhor forma de manter uma informação durante mais tempo na nossa memória.

    2 - Fases da memorização

    a – Estabelecimento de objectivos
    Em primeiro lugar é necessário enumerar a informação a memorizar e a sua urgência e aplicação. Assim, podemos estabelecer como objectivo um teste de uma matéria que irá decorrer daqui a uma semana. A partir daqui organizamos o tempo que temos disponível de forma a melhor o rentabilizar.

    b – Selecção
    As matérias a estudar necessitam, à partida, de uma selecção do que é importante e relevante, uma vez que não é necessário, nem possível, decorar toda a informação disponível. Deve ser escolhido o material mais básico a partir do qual se podem estabelecer relações causais com outras matérias que assim evitamos decorar. Assim como aquilo que se considera mais provável vir a necessitar.

    c – Elaboração de materiais de trabalho
    Consoante a matéria a estudar, assim devem ser elaborados apontamentos adaptados à situação, curtos, visualmente atractivos e precisos, onde o processo de memorização se irá basear.

    d – Aplicação das técnicas de memorização
    Estas técnicas serão aprofundadas em seguida, mas existem diversos tipos, com diferente duração e aplicabilidade a cada caso.

    e – Revisão
    Finalmente e antes de se aplicar os conhecimentos estudados, é necessário certificarmo-nos de que eles foram correctamente apreendidos e para tal é útil fazer um pequeno teste, quer através de perguntas que outra pessoa possa fazer, quer através da récita de todos os conhecimentos decorados. Este teste pode revelar fraquezas que se podem corrigir antes dos exames.

    3 - Memorização: vantagens e desvantagens
    As técnicas de memorização são talvez as mais fáceis de aprender e explicar pois a compreensão depende não tanto de técnicas mas sim de ginástica mental, em que só uma prática da matéria específica fornece os instrumentos necessários para a apreensão dos conhecimentos.
    Assim, concentrando-nos na memorização, é necessário ter em consideração, em primeiro lugar que tem vantagens e desvantagens.

    Vantagens:
    - permite abarcar um vasto leque de conhecimentos;
    - permite a aquisição de mecanismo mentais que facilitam o desenvolvimento intelectual;
    - cada pessoa segue o seu ritmo de aprendizagem, uma vez que existem muitos métodos que se coadunam  - - com cada pessoa e o seu ritmo específico;
    - é uma das formas mais eficientes de lembrar dados que se pretende ou necessita de utilizar frequentemente.

    Desvantagens:
    - exige um grande nível de treino e esforço, pois a facilidade de memorização é algo que se obtém ao fim de algum trabalho;
    - requer geralmente bastante tempo até se conseguir decorar todos os dados de que se necessita;
    muitas vezes os conhecimentos não ficam durante muito tempo na mente de quem os decora, sem compreender;
    - é uma técnica de aprendizagem muito intensa, que causa bastante cansaço.

    4 - Factores influenciadores
    No entanto, podemos identificar alguns que nos fornecem pistas para os métodos de memorização a explorar posteriormente:

    Ligações afectivas
    Naturalmente, é fácil lembrar-nos daquilo que gostamos, do aniversário dos nossos familiares ou amigos, das matérias ou dos assuntos que nos agradaram quando os estudámos. Desta forma podemos pensar que não vale a pena estar a tentar forçar a memorização de algo que nos desagrada profundamente porque mesmo que se consiga com um grande esforço decorar durante algum tempo, o esquecimento é extremamente rápido. Antes é mais útil encontrar algo de que gostamos realmente de estudar, pois essas são as matérias que manteremos mais facilmente e durante mais tempo na nossa memória.

    Utilidade
    Quando pensamos que um conjunto de informações não tem utilidade nenhuma, a motivação para o memorizar é bastante baixa. Desta forma, é necessário que os dados tenham uma aplicação prática visível para que se consiga novamente reter as informações por um período mais ou menos longo. Deste modo, é necessário apelar bastante ao raciocínio e ao sentido prático para encontrar alguma forma de aplicação dos conhecimentos, pois isso por si só já nos dá algumas ideias de como conseguir memorizá-los.

    Compreensão
    Assim como se devem encontrar afinidades e aplicações para os conhecimentos, também a sua correcta compreensão permite uma mais fácil memorização. Assim, é sempre útil tentar enquadrar os dados numa sequência lógica e não tentar memorizá-los imediatamente sem se estabelecer previamente relações de causalidade.

    Esquematização e visualização
    A memória funciona muitas vezes como uma impressão que se tem de algo estudado anteriormente. Assim, como numa fotografia, é mais fácil lembrarmo-nos da localização de um determinado tópico na página em que o inserimos do que das explicações que se inseriam dentro desse tópico.

    Quando lemos um jornal, aquilo que fixamos mais facilmente são as fotografias e os títulos que nos chamam mais a atenção. Por esse motivo, quando se elaboram apontamentos deve-se ter o cuidado de fazer uma apresentação muito apelativa e organizada, e se possível gráfica, para que seja mais fácil a memorização dos conceitos.

    Necessidade e urgência
    Quando um exame se aproxima, é mais urgente memorizar a matéria que nele se insere, mas também a maior pressão faz com que esse estudo tenha menor eficácia e dure menos. Por isso, uma memorização e compreensão com uma certa antecedência é mais benéfico para aplicações futuras dos conceitos estudados.

    5 - Técnicas de memorização
    Repetição
    A forma mais simples de decorar uma determinada informação é exactamente repeti-la um determinado número de vezes até que esteja totalmente apreendida. Esta técnica é muito utilizada, mas pode ser demasiado fatigante ou mesmo pouco útil, uma vez que implica um esforço mental que resulta muitas vezes no posterior esquecimento de tudo o que foi decorado.

    Imagens mentais
    Esta técnica baseia-se na ideia da memória fotográfica. Para as pessoas que tenham maior facilidade em decorar imagens, aconselha-se o recurso a páginas de informação estruturada e extremamente visual que provoque uma impressão forte na memória e obrigue a uma recordação exacta.
    A grande desvantagem deste método é não poder ser aplicado a todas as matérias, mas apenas àquelas que tenham uma maior adaptabilidade a este tipo de estrutura.

    Técnica dos espaços
    Nesta técnica pretende-se utilizar a familiaridade da pessoa com determinado espaço para recordar determinada informação. Assim, por exemplo, pode-se associar a cada rua de uma pequena cidade uma ideia e o indivíduo, enquanto imagina passear-se por esses espaços vai-se recordando das informações que associou a cada um deles. Esta técnica tem a desvantagem de implicar um bom conhecimento dos espaços, o que não acontece com todos nós, mas também, que a matéria a estudar se associe com eles.

    Palavras-chave
    A ideia desta técnica é associar um tópico a cada palavra-chave, de modo que ao lembrarmo-nos desse termo nos recordamos de todo um raciocínio ou de toda uma matéria. Embora este método tenha nítidos benefícios do ponto de vista da compreensão da matéria, também é pouco confiável, pois a escolha de uma palavra-chave é muito importante, e também aqui o esquecimento de uma dessas palavras pode ser fundamental para a perda de todo o raciocínio.

    Elaboração progressiva
    Por vezes pode ser útil encadear as informações de tal maneira que elas sigam uma ordem lógica que nos permita recordar as informações que elas encerram. Esta técnica mostra-se bastante útil para descrever processos, mas para enumerar listas de características ou outras informações que pretendemos decorar, não é muito útil, devido à dificuldade de encadear os diferentes dados.

    Técnica dos números
    Algumas pessoas têm uma maior facilidade em recordar números do que palavras, o que pode ser comprovado, por exemplo, com os números de telefone. Para essas pessoas, a codificação de um conjunto de informações em números pode ser a forma mais fácil de adquirir todos esses dados. No entanto, esta técnica encerra também outros problemas como o excesso de codificação que pode tornar as mensagens um conjunto de informações sem sentido e de memorização ainda mais difícil.

    Técnica das iniciais
    Muitas pessoas têm também maior facilidade de decorar um processo ou dados como os elementos da tabela periódica, se estes formarem, com as suas iniciais uma palavra fácil de memorizar e com sentido. No entanto, também este método tem problemas pois a partir das iniciais apenas, muitas vezes é difícil lembrar quais as palavras que pretendem representar.

    Rimas e jogos
    O ensino de crianças passa muitas vezes por rimas e jogos, que se tornam fáceis instrumentos de memorização. Por exemplo, certas rimas para decorar o nome dos meses e do número de dias que os compõem ou mesmo o ritmo que se imprime à tabuada para que quase se assemelhe a uma cantiga são formas de memorização mais fáceis de implementar. Este tipo de métodos muitas vezes recorre a palavras que soam a outras e que têm um sentido caricato na frase, o que faz com que a memória os fixe mais facilmente pois apela á sua componente afectiva. Para matérias mais complexas, é, no entanto, difícil de aplicar e geralmente baseia-se em jogos tradicionais, que não incluem muitas das novas matérias a estudar.

    quinta-feira, 14 de julho de 2011

    Opinião...

    Meu filho, você não merece nada*
    A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
    *Eliane Brum

    Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

    Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

    Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

    Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

    Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

    É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

    Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

    Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

    Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

    A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

    Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

    Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

    Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

    Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

    O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

    Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

    Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

    Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

    Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba. 

       Divulgação

    ELIANE BRUM
    Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).
    E-mail: elianebrum@uol.com.br
    Twitter: @brumelianebrum

    quarta-feira, 13 de julho de 2011

    Férias... Como aprender em viagens*

    Todo mundo aprende quando viaja em família. Veja como aproveitar ao máximo essa experiência e se divertir ainda mais

    *Texto Redação Educar para Crescer
    Foto: Dennis M. Ochsner
    Foto: Férias são uma boa oportunidade para apresentar os filhos a uma culinária diferente
    Durante as férias sempre surgem novas oportunidades de fazer descobertas e de aprender


    Um dos maiores desafios dos educadores é proporcionar aos alunos verdadeiras experiências de aprendizagem na escola. E o que parece tão difícil de realizar na sala de aula muitas vezes acontece naturalmente durante os passeios de férias. Uma viagem com seus filhos pode ser uma oportunidade de fazer um "curso extra", que passa longe de ser chato ou entediante, porque a aprendizagem é baseada na vivência, na novidade e no prazer.

    O processo é tão espontâneo que a gente mesmo não percebe, mas durante as férias sempre surgem novas oportunidades de fazer descobertas e de aprender. E o melhor: pais e filhos desfrutam esses momentos juntos. Se você estiver preparado para identificar e valorizar essas situações, pode aproveitá-las ainda melhor. E tudo sem deixar de curtir seu descanso e de se divertir muito.

    Confira algumas dicas e prepare-se para uma viagem maravilhosa. E pode ter certeza de que na hora de fazer a clássica redação com o tema "minhas férias", seu filho vai ter muito para contar.

    Traçar o mapa da diversão
    Chame as crianças quando for pesquisar opções de destinos e procurar informações sobre locais e preços em revistas, sites e guias de viagem. Claro que não é preciso passar para elas todas as suas preocupações, mas é interessante que elas acompanhem o planejamento, percebam que o processo envolve a análise de muitos fatores, além de comparações e decisões. Veja com a criançada mapas, variações de caminhos e distâncias, fotos e vídeos dos locais que pretendem visitar e, eventualmente, explique as diferenças de fuso horário e de estações do ano. Esteja certo de que os pequenos podem ajudar também na pesquisa sobre as atrações de cada lugar e colaborar na organização do roteiro. Assim vão ficar ainda mais empolgados com as férias e curtir muito mais a expectativa da viagem.
    Arrumar as malas: a missão
    Depois que destino foi escolhido, é hora de fazer as malas. Mesmo crianças de 5 ou 6 anos podem participar dessa arrumação, ainda que não assumam a responsabilidade pela organização geral. Fazer listas, contar as peças de roupas de acordo com os dias previstos para o passeio e pensar em peças extras para imprevistos, em itens de higiene e nos brinquedos e livros junto com seu filho é um forma de convidar a criança a observar melhor seus hábitos e ajudá-la a aprender a se organizar, sem grandes cobranças. Os mais velhos podem até fazer suas próprias malas, com supervisão dos pais no final, para evitar que peças importantes sejam esquecidas. Se notar que ficou faltando alguma coisa, não vale dar bronca. É melhor apresentar um desafio do tipo "você não tem aqui nenhum agasalho... e se fizer muito frio à noite?" ou "se vamos ficar 10 dias fora, quantas meias estão faltando?". Quem já fez mala e se esqueceu de algo, sabe que, até nessa situação, a gente acaba aprendendo muito.
    Preparar a distração para viagem
    Filas nas estradas, aeroportos lotados... Numa época em que todo mundo está viajando, é bom pensar em tornar o caminho mais agradável, pois ele pode ser mais longo do que o previsto. Jogos e brincadeiras ajudam a reduzir a ansiedade e o mau-humor de todo mundo - até o dos pais. Brincadeiras com letras e palavras, rimas, músicas ou números, desafios que proponham interação com a paisagem e jogos de lógica são uma ótima maneira de passar o tempo. Não é o caso de manter regras muito rigorosas, mas, enquanto brinca, procure ficar atento às reações das crianças. É uma forma descontraída de perceber se elas têm um vocabulário variado, se compreendem bem as regras e de reparar em eventuais dificuldades e ajudá-las, com dicas, sugestões, sempre no meio da brincadeira.
    Descobrir as delícias da mesa
    Uma "aula" bem gostosa das férias começa na mesa, logo cedo. O café da manhã não é igual em todos os lugares e quando prova um prato típico, uma fruta diferente ou até mesmo um pãozinho ou bolo, você descobre ingredientes do lugar e jeitos novos de preparar e de servir que fazem parte da cultura local. Dependendo de onde você está, a mesa de café da manhã pode ter tapioca, pão com manteiga, cuscuz, pão de queijo ou até opções como bacon, salsichas e feijão. Parece mais prático escolher para as crianças o que elas já estão acostumadas a comer de manhã, mas vale a pena convidá-las a observar as opções disponíveis e estimulá-las a perguntar sobre os pratos que não conhecem e a experimentar novidades. O dia está apenas começando! No almoço e no jantar, você pode descobrir muito mais. É legal também inventar um piquenique e levar a turma para comprar frutas e outros alimentos na feira ou no supermercado, para conhecer esses estabelecimentos e os produtos disponíveis. Em hotéis ou restaurantes, procure fazer as refeições junto com as crianças e valorizar esse momento em família. Claro que vale improvisar e comer um lanche rápido de vez em quando, mas não perca a oportunidade de conhecer também pratos locais. Inicialmente seus filhos podem não querer provar nada de diferente, mas o exemplo é a melhor maneira de mostrar aos pequenos o prazer de sentir novos sabores, além da importância de ter uma alimentação variada, além.
    Fazer muitos amigos
    Uma criança é bem diferente da outra, mas todas têm algo em comum: adoram brincar. Longe de casa e do dia-a-dia na escola, seus filhos terão a oportunidade de conhecer outras crianças, outros costumes, brincadeiras novas e às vezes até de aprender palavras de um idioma diferente. Jogos ao ar livre, conversas e trocas de experiências com amigos da mesma idade são muito enriquecedores. É importante incentivar as crianças a fazer amizades, mas sem forçar a situação. Às vezes, o entrosamento é mais fácil e natural quando os adultos estão a certa distância. Claro que é preciso ficar de olho e interferir se for preciso.
    Observar bem tudo
    Praia, montanha, uma grande cidade... Qualquer que seja o cenário da sua viagem, é divertido explorá-lo com a criançada. Estimule seus filhos a observar o ambiente ao redor e a investigar detalhes, procurando semelhanças e diferenças com outros locais que já conhecem. As praias são bem diferentes umas das outras, um rio mais cheio causa impacto na vegetação e na vida animal ao redor, todo gramado abriga pequenos insetos e há sempre uma novidade querendo ser descoberta. Se você está de férias em uma grande cidade, procure praças e monumentos, encontre uma escola, um clube e outros locais significativos do ponto de vista das crianças, além, é claro, de visitar os pontos turísticos tradicionais. Uma ótima ideia é emprestar uma máquina fotográfica para os pequenos e deixar que eles procurem pontos de interesse e registrem suas descobertas, a partir de ângulos diferentes. Na volta para casa, eles vão adorar ver as fotos e mostrá-las aos amigos. E você vai aproveitar a chance de relembrar esses momentos especiais.
    Incluir cultura e ecologia no programa
    Por mais corrida que seja a viagem, você sempre acha um jeito para fazer umas comprinhas, certo? Então também pode se organizar e planejar uma visita a um jardim botânico, a um museu, a um aquário ou a um parque ecológico, por exemplo. Não é preciso fazer um roteiro cultural ou ecológico de forma sistemática e querer ver todas as obras de uma pinacoteca, ou ainda ler e decorar as etiquetas de identificação de um museu de zoologia, mas reservar um tempo para esse tipo de passeio é uma forma de mostrar a seus filhos que você dá importância ao que se pode aprender nesses lugares, além de proporcionar a eles momentos de alegria e diversão de um jeito diferente. Acariciar um filhotinho de tubarão-lixa, descobrir como eram os transportes ou roupas de antigamente, brincar entre árvores de pau-brasil e conhecer besouros gigantes são experiências que têm tudo a ver com as férias.
    Ser um viajante-cidadão
    Quando viajam com os pais é que as crianças aprendem que não se deve jogar nada pela janela do carro ou buzinar para pedestres, não se pode deixar lixo na areia da praia, nem desperdiçar a água passando horas no chuveiro. O fato de estar longe de casa não é desculpa para se descuidar da atenção com a natureza e do respeito aos direitos dos outros. Para seus filhos, suas atitudes no trânsito, sua gentileza ao se relacionar com pessoas diferentes, seu interesse pelas tradições e costumes locais e seu bom humor para enfrentar imprevistos são referências mais importantes do que qualquer "cartilha de boas maneiras". Reflita sobre as suas reações e lembre-se de que o seu exemplo é a melhor maneira de ensinar seus filhos. Repare nas atitudes deles, seja firme se for necessário e ensine-os a agir corretamente. E, claro, faça o mesmo.
    Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/como-aprender-viagens-631670.shtml 
    ***Boas Férias!***